Nova NR-1: como as mudanças na norma transformam a gestão de riscos psicossociais

Durante muito tempo, a gestão de segurança e saúde no trabalho concentrou-se em fatores físicos, químicos e biológicos. O foco estava em prevenir acidentes, controlar substâncias perigosas e garantir condições seguras de operação. No entanto, o cenário corporativo mudou, e, com ele, os riscos.

A NR-1,  atualizada pela Portaria nº 6.730/2020, cuja nova redação passa a vigorar a partir de 26 de maio de 2026, trouxe uma virada de chave ao incluir de forma estruturada os riscos psicossociais no contexto do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).

Essa atualização não apenas amplia o conceito de “risco ocupacional”, mas também desafia as empresas a olharem para a saúde mental como parte essencial da prevenção e da produtividade. Mais do que uma obrigação legal, a norma propõe uma mudança cultural profunda na forma como as organizações cuidam de suas pessoas.

Da obrigação legal à estratégia organizacional: a nova visão da saúde mental no trabalho

Ao exigir a identificação, avaliação e controle dos riscos psicossociais, a NR-1 coloca a saúde emocional dos trabalhadores no mesmo patamar de importância que os riscos físicos, químicos e biológicos.

Isso significa que fatores como estresse, assédio moral, sobrecarga de trabalho, falta de reconhecimento e insegurança profissional passam a ser considerados elementos de riscos ocupacionais.

Mas há algo ainda mais relevante: essa mudança empurra as empresas para um novo modelo de gestão integrada, no qual lideranças, RH e SESMT precisam trabalhar de forma colaborativa.

Em vez de apenas reagir a afastamentos e queixas, o foco agora é prevenir, monitorar e agir estrategicamente, criando ambientes de trabalho mais seguros e também mais sustentáveis.

Essa integração transforma a saúde ocupacional em valor organizacional. A empresa deixa de enxergar o bem-estar como um custo e passa a tratá-lo como investimento, capaz de reduzir despesas com afastamentos e elevar a performance coletiva.

Como aplicar a NR-1 na prática: passos essenciais para adequação

A norma não traz um “checklist pronto”, mas indica caminhos concretos para que as empresas evoluam na forma de gerir riscos humanos e organizacionais.

Vamos conferir como essa transformação ocorre na prática?

1. Diagnóstico aprofundado dos riscos psicossociais

O levantamento de perigos agora deve incluir fontes de pressão emocional e social que afetam o desempenho e o bem-estar dos colaboradores.

Ferramentas como entrevistas, questionários, pesquisas de clima, avaliações psicossociais e o acompanhamento de indicadores de absenteísmo e turnover são essenciais para mapear situações de risco e suas causas.

Um diagnóstico bem conduzido permite enxergar o que antes era invisível: as dinâmicas internas que geram sofrimento, desmotivação ou adoecimento mental.

2. Integração entre dados e pessoas

A NR-1 incentiva o uso de dados ocupacionais de forma integrada, unindo informações de saúde, segurança e comportamento organizacional.

Essa integração permite análises mais inteligentes e até modelos preditivos, capazes de identificar padrões de risco antes que eles se tornem problemas críticos.

Empresas que adotam sistemas de gestão ocupacional com essa visão conseguem antecipar cenários, ajustar políticas internas e reduzir significativamente os impactos de riscos psicossociais.

3. Formação e sensibilização de lideranças

Gestores e supervisores passam a ter um papel central na prevenção. A norma reforça a importância de capacitar lideranças para reconhecer sinais de sobrecarga emocional, promover o diálogo e agir preventivamente diante de situações de risco.

Quando os líderes são preparados para lidar com temas como comunicação empática, escuta ativa e gestão humanizada, o ambiente de trabalho se torna mais acolhedor e produtivo.

Empresas que investem nesse tipo de formação reduzem conflitos, rotatividade e custos com afastamentos, além de fortalecerem sua cultura organizacional.

4. Monitoramento contínuo

Os riscos psicossociais não são estáticos. A cada mudança estrutural, aumento de demanda ou transformação cultural, é preciso reavaliar os fatores de estresse.

Por isso, é essencial que o PGR seja dinâmico, revisitado periodicamente e ajustado à realidade cotidiana.

A cultura de monitoramento contínuo permite detectar novas pressões ou fatores de estresse antes que gerem impactos significativos. Assim, o PGR deixa de ser um documento arquivado e passa a ser um instrumento de gestão ativa.

💡 Dica: confira o nosso checklist da saúde mental corporativa para apoiar seu plano de ação.

Quais são os benefícios da NR-1 para empresas e colaboradores

Os reflexos da aplicação efetiva da NR-1 vão além do atendimento às exigências legais. Empresas que assumem a saúde mental como valor estratégico observam melhorias em diversas frentes:

  • Redução de afastamentos e presenteísmo;
  • Aumento do engajamento e da satisfação dos colaboradores;
  • Fortalecimento da imagem institucional;
  • Ganhos de produtividade e inovação;
  • Melhoria nas relações interpessoais e no clima organizacional.

Em um momento em que o tema saúde mental é cada vez mais discutido, cumprir a NR-1 é mais do que evitar multas, é cuidar de pessoas e de resultados.

Desafios e próximos passos na gestão de riscos psicossociais

Apesar dos avanços, o mercado ainda enfrenta resistências. Muitos gestores associam riscos psicossociais a temas subjetivos e difíceis de mensurar. Por isso, a implementação exige maturidade organizacional e apoio técnico especializado.

O papel das consultorias em Medicina e Segurança do Trabalho, como a Ocupacional, é justamente traduzir a norma em ações concretas, auxiliando empresas na criação de protocolos de prevenção, programas de apoio e indicadores de monitoramento contínuo.

Com isso, a NR-1 deixa de ser apenas uma exigência e se torna um instrumento de transformação cultural.

A NR-1 como agente de transformação cultural nas organizações

A atualização da NR-1 representa um marco na evolução da gestão ocupacional.
Ao incluir os riscos psicossociais no PGR, o Ministério do Trabalho reconhece que a saúde mental é uma questão de segurança e de sustentabilidade corporativa.

Empresas que se antecipam e adotam práticas alinhadas a essa visão constroem não apenas ambientes mais saudáveis, mas também organizações mais humanas, inovadoras e competitivas.

A Ocupacional apoia sua empresa em todas as etapas da adequação à NR-1 Riscos Ocupacionais: do diagnóstico à implementação de políticas de saúde mental no trabalho.

Com uma equipe multidisciplinar e foco em resultados, ajudamos sua organização a desenvolver estratégias personalizadas, alinhadas à legislação e à cultura interna.

Fale conosco e descubra como transformar a gestão de riscos psicossociais em um diferencial competitivo para o seu negócio.

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