Com a informatização e a mudança do perfil do trabalho no século XXI, as queixas de saúde mais comuns também sofreram alterações. Segundo o estudo Saúde Brasil 2018, produzido pelo Ministério da Saúde, o total de registros de Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort) cresceu 184% entre 2016 e 2017, saltando de 3.212 casos para 9.122. Mulheres de 40 a 49 são as mais atingidas, com profissionais da indústria, comércio, alimentação, transportes e serviços no topo da lista.
A LER não é propriamente uma doença ou uma enfermidade. De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, ela representa um grupo de alterações do sistema muscoloesquelético (tendão, nervo, músculo, ligamento, osso, articulação, entre outras estruturas), decorrentes de sobrecargas mecânicas. No Brasil, tem sido utilizada apenas para caracterizar as consequências das atividades ocupacional, sendo uma expressão única da área.
Já o termo Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort) foi criado para substituir a LER, pois a maioria dos trabalhadores com os sintomas não apresentam evidências de lesões, além do que outros tipos de sobrecargas também podem ser nocivos ao trabalhador. Dessa forma, a expressão Dort é mais abrangente e, portanto, mais adequada – embora não haja evidências científicas que embasem o significado técnico do termo.
Apesar disso, o Ministério da Saúde, no estudo Saúde Brasil 2018 – Uma análise da situação de saúde e das doenças e agravos crônicos: desafios e perspectivas, não considera que a LER/Dort são causadas apenas pelo trabalho. De acordo com a classificação proposta por Schilling, elas seriam um fator de risco ou aquilo que provoca um distúrbio latente ou agrava uma condição preexistente. Nesse cenário, elas surgem quando há uma predisposição do próprio corpo, somada a fatores organizacionais:
• Más condições do local de trabalho (piso, iluminação, angulações, distanciamento etc);
• Posturas inapropriadas para execução das atividades;
• Técnicas incorretas para realizar as tarefas;
• Jornadas de trabalho excessivas;
• Desrespeito aos limites corporais dos trabalhadores.
Os distúrbios osteomusculares mais comuns são as tendinites (no ombro, cotovelo e punho), as lombalgias (na região lombar) e as mialgias (dores musculares) em diversas partes do corpo. Para preveni-los, o Ministério da Saúde recomenda aos empregadores uma atenção especial com a Norma Regulamentadora 17 – Ergonomia.
Gasto ou investimento? 5 razões para investir em SST
O que diz a NR 17
A Norma Regulamentadora 17 estabelece os parâmetros mínimos que as empresas devem seguir para adaptar as condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, proporcionando um máximo conforto, segurança e desempenho. São aspectos relativos ao manuseio de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos, às condições ambientais e à própria organização do trabalho.
Todas essas regras têm um impacto direto na incidência de LER/Dort. No caso dos mobiliários, por exemplo, a NR determina que, sempre que possível, a atividade deve ser planejada para ser executada na posição sentada. Caso contrário, os locais de trabalho devem possibilitar condições de boa postura, visualização e operação.
Com relação aos equipamentos eletrônicos, principalmente os computadores, é preciso adaptá-los aos trabalhadores. Todos precisam ter condições de mobilidade suficientes para permitir o ajuste da tela para proporcionar ângulos corretos de visibilidade, além de um teclado independente e um suporte para documentos.
Quando a atividade exige sobrecarga muscular – seja no pescoço, ombro, dorso ou membros superiores –, é obrigatório incluir pausas para descanso e realizar um sistema de avaliação dos trabalhadores. Este é baseado no número individual de toques sobre o teclado, que não deve ser superior a oito mil por horas trabalhada.
Como evitar LER/Dort
A adequação do ambiente de trabalho à NR 17 ainda é a principal forma de evitar essas doenças, mas outras ações preventivas podem ser tomadas. Em entrevista para o Mercur, o fisioterapeuta Regis Severo explica que ritmos excessivos, posturas rígidas/tensas demais e a ausência de pausas são fatores determinantes para o surgimento de LER/Dort. “A tendinite, bursite, outras lesões ou distúrbios são consequência de alguma outra disfunção, seja um movimento excessivo, seja um trauma repetitivo. Por isso, é importante não só tratar a consequência do que aconteceu, é preciso olhar um pouco antes e verificar os fatores de risco, prevenindo a recorrência da lesão de essa lesão ocorrer novamente.”
Para isso, algumas atitudes podem ser tomadas:
• Adequação ergonômica do ambiente às atividades;
• Alongamentos e aquecimentos das regiões afetadas ao longo do dia;
• Cuidar da postura;
• Fazer pausas durante as atividades;
• Praticar exercícios físicos e de fortalecimento muscular;
• Intercalar diferentes atividades;
• Utilização correta dos equipamentos de proteção individual;
• Mudança nos procedimentos operacionais;
• Ajuste no ritmo de trabalho, redução da jornada ou das horas extras;
• Treinamentos constantes sobre os fatores de risco.
Ergonomia com quem tem experiência
Investir na melhoria dos ambientes de trabalho não é um capricho, mas uma exigência do mercado. Programas de ginástica laboral ou incentivos para sair da frente dos computadores, o importante é minimizar os riscos envolvidos. E se você precisa de auxílio nessa área, consulte a Ocupacional. Nossa equipe está pronta para oferecer as melhores soluções em SST, adaptando seu negócio ao que a legislação exige. Faça já um orçamento!