O que são os riscos biológicos no ambiente de trabalho?

Profissionais de saúde e da agricultura são os mais afetados por riscos que envolvem vírus, bactérias e fungos.

Entre os riscos aos quais funcionários podem ser expostos no ambiente laboral, os biológicos merecem destaque por serem potencialmente perigosos para os seres humanos. Eles consistem na probabilidade de exposição ocupacional a vírus, bactérias, fungos, protozoários e parasitas que podem ocasionar doenças, levando ao afastamento do trabalhador.

As principais áreas expostas a riscos biológicos são a agricultura e a saúde. Quem atua no campo está submetido a poeiras orgânicas, com alto teor de fungos – o que pode causar doenças respiratórias como bronquite crônica, asma e pneumonites. Nos serviços de saúde, o risco é ainda maior pelo contato com pacientes contaminados, expondo as pessoas ao vírus HIV, hepatite B, rubéola, tuberculose, entre outros. Além disso, quem atua em laboratórios, serviços de esgoto, coleta e industrialização do lixo, cemitérios, serviços veterinários, matadouros e frigoríficos, também precisa de atenção redobrada.

Por se tratar de riscos muito específicos, há uma norma regulamentadora própria para eles, com as regras a serem seguidas nos serviços de saúde. A NR-32 estabelece as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde desses trabalhadores, indo além dos riscos biológicos e abordando também os físicos, químicos e ergonômicos.

Para as empresas, as normas reduzem os danos e, dessa forma, os gastos previdenciários. Para os trabalhadores, é a garantia de um ambiente laboral mais seguro, de modo a aumentar o bem-estar de todos os envolvidos.

Tipos de agentes biológicos

De acordo com a NR-32, os agentes biológicos podem ser divididos em:

  • Microrganismos: bactérias, fungos, protozoários e vírus, além de microrganismos geneticamente modificados.
  • Culturas de células: crescimento in vitro de células provenientes de tecidos ou órgãos de organismos multicelulares.
  • Parasitas: organismos que sobrevivem e se desenvolvem as custas de um hospedeiro.
  • Toxinas: substâncias secretadas por microrganismos que podem causar danos à saúde humana, podendo levar até mesmo à morte.
  • Príons: moléculas proteicas que possuem propriedades infectantes. Diferenciam-se dos vírus e bactérias por serem desprovidos de carga genética.

Classificação dos riscos

De acordo com a cartilha Classificação de Risco dos Agentes Biológicos, do Ministério da Saúde, são considerados alguns critérios na hora de definir o risco de um agente biológico:

  • Natureza: organismos ou moléculas com potencial ação biológica infecciosa sobre o homem, animais, plantas ou o meio ambiente em geral.
  • Virulência: capacidade patogênica de um agente biológico, medida pelo seu poder de aderir, invadir, multiplicar e disseminar em determinados sítios de infecção e tecidos do hospedeiro.
  • Modo de transmissão: percurso feito pelo agente biológico a partir da fonte de exposição até o hospedeiro.
  • Estabilidade: capacidade de manutenção do potencial infeccioso de um agente biológico no meio ambiente, inclusive em condições adversas.
  • Concentração e volume: a concentração está relacionada à quantidade de agentes biológicos por unidade de volume – quanto maior a concentração, maior o risco. O volume também é importante, pois o risco tende a aumentar proporcionalmente ao aumento do volume.
  • Origem: deve ser considerada a origem do hospedeiro do agente biológico (humano ou animal), como também a localização geográfica (áreas endêmicas) e o vetor.
  • Medidas profiláticas: avalia se há profilaxia por vacinação, agentes antimicrobianos, antissoros e imunoglobulinas. Inclui a adoção de medidas sanitárias, controle de vetores e medidas de quarentena em movimentos transfronteiriços.
  • Tratamento eficaz: capacidade de prover a contenção do agravamento e a cura da doença causada pela exposição ao agente biológico.
  • Dose infectante: número mínimo de agentes biológicos necessários para causar doença.
  • Manipulação: pode potencializar o risco, como em procedimentos para multiplicação, sonicação, liofilização e centrifugação.
  • Eliminação: o conhecimento das vias de eliminação do agente é importante para a adoção de medidas de contingenciamento.

Com base nesses critérios, os agentes biológicos que afetam o trabalhador podem ser divididos em quatro grandes grupos:

  • Classe de risco 1 (baixo risco individual e para a comunidade): agentes biológicos conhecidos por não causarem doenças no homem. Exemplos: Lactobacillus spp. e Bacillus subtilis.
  • Classe de risco 2 (moderado risco individual e limitado risco para a comunidade): agentes biológicos que provocam infecções no homem, cujo potencial de propagação na comunidade é limitado. Possuem medidas profiláticas e terapêuticas eficazes – como a Schistosoma mansoni e o vírus da rubéola.
  • Classe de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para a comunidade): agentes biológicos que possuem capacidade de transmissão, em especial por via respiratória, e que causam doenças potencialmente letais em humanos, para as quais existem usualmente medidas profiláticas e terapêuticas. Representam risco se disseminados na comunidade, podendo se propagar de pessoa a pessoa. Exemplos: Bacillus anthracis e Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV).
  • Classe de risco 4 (alto risco individual e para a comunidade): agentes biológicos com grande poder de transmissibilidade, em especial por via respiratória, ou de transmissão desconhecida. Até o momento, não há nenhuma medida profilática ou terapêutica eficaz contra infecções ocasionadas por estes. Causam doenças humanas de alta gravidade, com alta capacidade de disseminação na comunidade. Esta classe inclui principalmente vírus. Exemplos: ebola e varíola.

Em resumo, os riscos biológicos podem ser divididos da seguinte forma:

No anexo I da NR 32 há uma classificação detalhada dos agentes biológicos, com os respectivos riscos de cada um. Vale a consulta!

Insalubridade por agentes biológicos

A NR-15 (Atividades e Operações Insalubres) possui um anexo exclusivo sobre os agentes biológicos. No Anexo 14 é determinado que a insalubridade é avaliada de forma qualitativa, podendo ser de grau máximo (40%) ou médio (20%):

Grau máximo

  • Trabalho ou operações, em contato permanente com:
  • Pacientes em isolamento por doenças infecto-contagiosas, bem como objetos de seu uso, não previamente esterilizados;
  • Carnes, glândulas, vísceras, sangue, ossos, couros, pelos e dejeções de animais portadores de doenças infectocontagiosas (carbunculose, brucelose, tuberculose);
  • Esgotos (galerias e tanques);
  • Lixo urbano (coleta e industrialização).

Grau médio

  • Trabalhos e operações em contato permanente com pacientes, animais ou com material infecto-contagiante, em:
  • Hospitais, serviços de emergência, enfermarias, ambulatórios, postos de vacinação e outros estabelecimentos destinados aos cuidados da saúde humana (aplica-se unicamente ao pessoal que tenha contato com os pacientes, bem como aos que manuseiam objetos de uso desses pacientes, não previamente esterilizados);
  • Hospitais, ambulatórios, postos de vacinação e outros estabelecimentos destinados ao atendimento e tratamento de animais (aplica-se apenas ao pessoal que tenha contato com tais animais);
  • Contato em laboratórios, com animais destinados ao preparo de soro, vacinas e outros produtos;
  • Laboratórios de análise clínica e histopatologia (aplica-se tão-só ao pessoal técnico);
  • Gabinetes de autópsias, de anatomia e histoanatomopatologia (aplica-se somente ao pessoal técnico);
  • Cemitérios (exumação de corpos);
  • Estábulos e cavalariças;
  • Resíduos de animais deteriorados.

Leia também: Insalubridade – o que é o adicional e como prevenir

Como prevenir?

O primeiro passo para prevenir a exposição a agentes biológicos é conhecer bem quais os riscos presentes na atividade realizada. Dessa forma é possível criar as devidas barreiras para evitar a propagação dos vírus, bactérias e fungos, evitando uma contaminação dos funcionários. Além disso, é preciso fazer um controle da saúde dos funcionários, seguindo os exames determinados na NR-7 para detectar possíveis doenças ocupacionais que tenham origem biológica.

Além disso, algumas medidas simples podem ajudar a controlar melhor o ambiente de trabalho e, assim, garantir o bem-estar de todos:

  • Higienizar as mãos, roupas, ambientes e superfícies com frequência.
  • Esterilizar os objetos que serão utilizados;
  • Usar os EPIs corretos para a atividade realizada;
  • Padronizar os procedimentos para manuseio, estoque, transporte e uso de objetos perfurocortantes;
  • Usar materiais descartáveis e descartas os resíduos corretamente;
  • Garantir a correta ventilação do ambiente;
  • Utilizar equipamentos de contenção, como as capelas.
  • Treinar e conscientizar os trabalhadores sobre os riscos presentes.

Vacinação ocupacional

No caso dos riscos biológicos, outra forma muito eficaz de prevenir o aparecimento de doenças ocupacionais é com a vacinação. No Brasil há um ciclo de vacinas que devem ser tomadas desde a primeira infância para diminuir a mortalidade infantil e melhorar a qualidade de vida. Mas essa necessidade de proteção não se encerra com o passar dos anos, sendo preciso completar o ciclo vacinal mesmo depois de adulto.

A NR-32 também regulamenta essa questão dento das empresas, indicando os procedimentos obrigatórios a serem seguidos para garantir a segurança e a saúde do trabalhador. O programa de imunização deve seguir o proposto pelo Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), em observância aos riscos biológicos, do ambiente e individuais da função, além de respeitar as vacinas indicadas no Programa Nacional de Imunização (PNI).

O calendário de vacinação proposto pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) traz todas essas informações de forma detalhada. Dividido por áreas de atuação, ele mostra quais e quando devem ser tomadas, de acordo com a atividade realizada. Além disso, atualmente está em curso a campanha de vacinação contra a Covid-19, que pode ser considerada como doença ocupacional se provado o nexo causal entre a contaminação e as funções desempenhadas na empresa. Veja nosso perguntas e respostas sobre os cuidados após a vacina e garanta a dose de reforço de todos os funcionários.

Leia também: Recusar a vacina de Covid-19 pode gerar demissão?

Cuidados com os funcionários

Para que os riscos biológicos sejam minimizados, não adianta apenas observar a legislação: é preciso contar com o apoio de quem entende do assunto. A Ocupacional possui mais de 30 anos no mercado de Segurança e Saúde do Trabalho e está pronta para analisar sua empresa e oferecer as melhores soluções na área de SST. Solicite uma proposta e veja como podemos te ajudar!

Post Relacionados

Newsletter Ocupacional

Cadastre-se para receber as atualizações mais importantes sobre saúde e segurança do trabalho

Quer falar com o Grupo Ocupacional?

Estamos aqui!

Clique abaixo no setor desejado: