O papel das empresas na manutenção da saúde mental dos trabalhadores entrou de vez na pauta de profissionais das áreas de Recursos Humanos e Medicina do Trabalho. E não é por menos. Entre 2012 e 2016, transtornos mentais e comportamentais foram a terceira maior responsável por afastamentos, com mais de 17 mil casos de auxílio-doença nos quatro anos avaliados pelo Boletim Quadrimestral sobre Benefícios por Incapacidade. Nos últimos 10 anos, houve um aumento de quase 20 vezes na concessão de benefícios por esse motivo – até 2030, o gasto com transtornos psicológicos pode chegar à casa de 6 trilhões de dólares em todo o mundo.
Motivos para isso não faltam. Com a revolução tecnológica e as sucessivas crises econômicas mundiais e nacionais, muito mudou nas relações de trabalho. Jornadas de trabalho cada vez mais exaustivas, metas impossíveis de serem batidas, a necessidade de ser multitarefa e a falta de reconhecimento pelo trabalho realizado são apenas alguns dos fatores que levam ao colapso mental dos trabalhadores.
Esse assunto é tão importante que, a partir de 2022, a Organização Mundial de Saúde classificará a Síndrome de Burnout como um fenômeno ocupacional. A 11ª revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11) será o primeiro documento que apresentará um esgotamento profissional dessa forma, sendo um importante ponto de virada para discutir o papel das empresas na manutenção do bem-estar dos trabalhadores.
Burnout: a exaustão causada pelo trabalho
Até mesmo porque é alto o número de pessoas sofrendo com esse mal. Segundo uma pesquisa realizada pela Isma-BR, representante local da International Stress Management Association, 72% dos entrevistados afirmaram estar frequentemente estressados e, desses, 32% apresentavam sintomas de Burnout. Dentre os que foram diagnosticados com a doença, 92% se sentiam incapacitados; 90% praticavam o presenteísmo (estavam presentes, mas sem trabalhar); 49% apresentavam depressão; e 92% deles só continuavam a desempenhar suas tarefas por medo de serem demitidos.
Paralelo a isso, as empresas deixam de notificar doenças mentais por não saber lidar com a situação. Só em 2016, pelo menos 26% dos casos de afastamento por estresse grave não tiveram a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) enviada. “A saúde mental já é o principal tema tratados nos comitês de saúde das empresas, mas ainda é novo e cercado por dificuldade e tabus”, afirma Hélder Valério, gerente de Gestão e Promoção de Saúde, em entrevista para a Folha de São Paulo.
Como evitar?
Como os transtornos mentais são causados diretamente pela forma com as empresas lidam com os trabalhadores, elas possuem um papel fundamental para preveni-los. Um guia publicado pelo Fórum Econômico Mundial traz sete ações que podem ser tomadas para gerar um impacto positivo na saúde mental de todos:
• Observe todo o ambiente de trabalho e veja como ele pode ser adaptado para promover uma melhor saúde mental para você, seus colegas e a organização.
• Entenda qual a motivação por trás de líderes organizacionais e de funcionários que estão à frente das ações.
• Não reinvente a roda. Veja como outras organizações agiram e aprenda como elas fizeram isso.
• Entenda quais as necessidades dos trabalhadores, utilizando-as como oportunidades para desenvolver melhores políticas para promover a saúde mental.
• Adote medidas práticas para ajudar a organização.
• Descubra para onde ir se você ou um colega precisar de ajuda.
• Comece a agir agora mesmo.
Cuidados para evitar o adoecimento mental do trabalhador
Para além do salário
Para criar um bom ambiente de trabalho, as empresas precisam ir além do salário. Uma boa remuneração é importante, claro, mas uma pesquisa da Robert Half International, companhia global de consultoria de recursos humanos, mostrou que há uma disparidade entre os benefícios desejados pelos trabalhadores e os que são oferecidos.
A pesquisa, realizada com mais de 1,5 mil trabalhadores e 600 gerentes de recursos humanos na América do Norte, mostrou que os funcionários esperam horários de trabalho flexíveis (88%), semanas de trabalho mais curtas (66%) e a possibilidade de trabalho remoto (55%). As empresas, apesar de oferecerem horários flexíveis (62%), prezam mais por eventos sociais para os empregados (44%) e academia e assistência para os filhos (23%).
No caso dos benefícios oferecidos, as expectativas entre as duas partes estão bem alinhadas. Empresas e empregados valorizam a presença de um plano de saúde (88% x 69%), folga remunerada (80% x 67%) e planos de poupança para aposentadoria (52% x 48%).
Consultoria em Segurança e Saúde do Trabalho
Garantir o bem-estar dos trabalhadores não diminui apenas o número de afastamentos, mas também traz mais confiança para as relações ocupacionais e afeta até mesmo os indicadores da empresa. Para isso, é necessário um bom programa de Segurança e Saúde do Trabalho. A Ocupacional possui quase 30 anos de experiência para ajudar a sua empresa a crescer. Faça contato com a gente e veja como podemos te ajudar!