Situação excepcional tem gerado efeitos negativos para os trabalhadores, em um sentimento parecido com o luto
É difícil fazer qualquer comparação histórica com a atual crise de saúde pública vivida em todo o mundo. No dia em que este texto foi escrito, a Universidade Johns Hopkins apontava mais de 4,8 milhões de casos em todo o mundo, com cerca de 320 mil mortes. Só no Brasil eram 255 mil casos e quase 17 mil mortes. E, diante de um cenário de medo e incertezas, a saúde mental é uma das mais afetadas.
É o que aponta, por exemplo, uma pesquisa do Instituto YoungMinds – organização não-governamental que luta pela saúde mental de jovens. Os pesquisadores viram que, embora as pessoas entendam a importância das medidas de isolamento, houve um aumento considerável da ansiedade, dos problemas para dormir, ataques de pânico e até mesmo do desejo de se automutilar.
De acordo com Jair de Jesus Mari, médico psiquiatra e chefe do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp), os sintomas psicológicos estão relacionados a três fases da pandemia. Na primeira, a mudança radical no estilo de vida traz o medo de ser contaminado e o estresse pela redução do contato físico. Na segunda, o desamparo, o tédio e a raiva são reações esperadas pelo desconforto com relação ao confinamento. Já a terceira está ligada às possíveis perdas econômicas e afetivas decorrentes da epidemia, podendo gerar sequelas como depressão, risco de suicídio e desenvolvimento de estresse pós-traumático.
“O estresse é fator de risco para vários transtornos mentais. O pânico pode ser disparado nos casos de maior ansiedade. É provável que nesta segunda fase da doença, a do confinamento, possa haver uma incidência maior de pânico”, explica. Para minimizar esses efeitos, o professor acredita ser essencial estimular o lado altruísta do indivíduo, fazendo-o reconhecer que o isolamento é algo que todos devem fazer a favor de um bem maior para a sociedade.
Luto antecipatório
Essa sensação, porém, é difícil de ser conseguida. Até mesmo porque a mudança brusca na rotina e o medo constante durante a pandemia geraram um sentimento que raras vezes é sentido de forma tão coletiva: o luto. E, dessa vez, ele pouco tem a ver com a morte. Em entrevista para o Diário do Amanhã, o diretor do Memorial Vera Cruz, Felipe Badotti, defende que estamos vivendo um pesar por algo que ainda não ocorreu e que não sabemos como ou quando vai ocorrer.
“Perder o contato físico com as pessoas, não poder sair de casa e estar impossibilitado de fazer coisas das quais gosta, também provocam luto. Afinal de contas, você está perdendo coisas significativas”, explica. É o mesmo que ocorre, por exemplo, quando recebemos o diagnóstico de uma doença grave ou lembramos que vamos perder nossos entes queridos algum dia.
A pós-doutora em epidemiologia Luciana Mello de Oliveira vai além e remete a um sentimento comum de inadequação que os soldados sentiam em seus núcleos familiares após a Segunda Guerra Mundial. Em um artigo publicado na GaúchaZH, a pesquisadora conta que as esposas passaram por um processo de luto enquanto os maridos estavam no campo de batalha, considerando-os mortos no processo. Ou seja, elas aceitaram a partida antes mesmo dela ocorrer.
“O luto antecipatório seria consequência de um pressentimento de finitude. Finitude da própria existência e da dos que amamos, dos nossos semelhantes e, também, do mundo como o conhecemos. Luto antecipatório seria a mente indo até o futuro e imaginando o pior”, explica. Do período de negação (em que a pessoa não aceita a periculosidade) até a aceitação é um grande caminho a ser percorrido, mas o futuro ainda é muito incerto para vivermos isso na prática.
Cuidados com a saúde mental
Ciente desses problemas, o Departamento de Saúde Mental da Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou um guia com dicas para cuidar do psicológico durante a pandemia. Elas são dirigidas a diferentes públicos, mas reunimos algumas neste post para te ajudar a passar por esse momento e ajudar as pessoas a seu redor.
- Reduza a leitura ou o contato com notícias que podem causar ansiedade ou estresse. Busque informação apenas de fontes fidedignas/oficiais e dê passos práticos para preparar seus planos, proteger-se e a sua família. Os fatos ajudam a minimizar o medo.
- Projeta a si próprio e apoie os outros, ajudando-os em seus momentos de necessidade. A assistência pode ajudar tanto a quem recebe o apoio como a quem dá o auxílio.
- Se você tem alguma doença ou síndrome, certifique-se de que seus medicamentos estão disponíveis. Se necessário, ative seu grupo de amigos para pedir ajuda.
- Fique em contato com sua rede de amigos e, ainda que isolado, tente manter sua rotina e crie novas.
- Esteja atento a seus sentimentos e demandas internas. Envolva-se com atividades saudáveis e aproveite para relaxar. O exercício constante, o sono regular e uma dieta balanceada ajudam. Mantenha tudo em perspectiva.
Saúde mental dos trabalhadores
Dentro das empresas, tudo o que foi descrito acima também tem um enorme impacto. A rotina e os processos internos foram afetados drasticamente, exigindo um acompanhamento constante da área de Saúde e Segurança do Trabalho. Além das ações que podem ser tomadas pela companhia para evitar a disseminação da Covid-19, a Ocupacional também preparou uma estrutura completa para auxiliar seus clientes.
A principal ação oferecida é a realização de um plano de contingência, que faz uma consultoria completa e abrangente da empresa para avaliar os riscos existentes e quais ações devem ser tomadas para minimizá-los. Ele é elaborado de acordo com cada as particularidades de cada negócio e da operação da empresa. Quer saber mais sobre esse assunto? Então entre em contato com a gente!